CRIE UM AMBIENTE SEGURO
COMUNICAÇÃO - ATENÇÃO - AÇÃO
Os responsáveis podem adotar medidas importantes para proteger uma criança ou adolescente da exploração e do abuso infantil, bem como prevenir esse abuso em sua família e comunidade. Uma das tarefas mais importantes é proporcionar relacionamentos seguros, estáveis e estimulantes para as crianças e adolescentes.
Pode ser difícil promover um ambiente seguro de acolhimento e amor quando uma família está passando por situações complicadas como problemas de relacionamento (com brigas constantes), problemas financeiros (como desemprego ou extrema pobreza), problemas de saúde mental (como depressão ou ansiedade), envolvimento com drogas e álcool e abuso doméstico. Ainda assim, não é admissível que essas questões sejam depositadas sobre a criança.
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EDUCAÇÃO SEXUAL OU EDUCAÇÃO CORPÓREO-EMOCIONAL
Falar sobre sexualidade é algo que causa desconforto em muitos adultos. Esse é um tema que por um lado pode despertar curiosidade em algumas pessoas e por outro, gera medo, angústia, vergonha e constrangimento. Em um determinado dia, as perguntas dos filhos começam a aparecer e na maioria dos casos os adultos acham mais fácil evitar o assunto.
É aqui que devemos fazer uma pausa e nos questionar o porquê desse desconforto. O que nós adultos aprendemos sobre sexo e sexualidade? Como esse assunto foi introduzido em nossa vida? Falar desse assunto com as crianças só é desconfortável porque ele é ainda um grande tabu para os adultos. A educação corpóreo-emocional deve fazer parte dos diálogos da família, pois é parte natural do nosso desenvolvimento físico e emocional, e a maior ferramenta contra o abuso sexual na infância.
As curiosidades das crianças que não são respondidas pelos adultos fazem com que elas busquem respostas em outras fontes, que nem sempre são confiáveis ou seguras.
Falar sobre sexualidade NÃO estimula a criança à praticar ou brincar de namorar com os amiguinhos.Falar sobre sexualidade NÃO vai iniciar antecipadamente a vida sexual da criança.Falar sobre sexualidade ajuda a criança/adolescente a conhecer o seu corpo, seus limites e consentimentos.Falar sobre sexualidade previne abuso na infância. |
Esse diálogo deve começar cedo, na relação estabelecida entre responsáveis e o bebê a partir do nascimento. A forma como limpamos e tocamos o bebê durante os momentos de higienização e a maneira como nomeamos as partes do corpo, já comunicam a relação que estabelecemos com essas partes do corpo e abrem ou fecham portas para diálogos futuros.
É importante que a criança nomeie os órgãos genitais e tenha uma noção de um corpo completo, que a ajude a construir uma imagem corporal positiva e autônoma.
Acesse nossos materiais e dicas de literatura aqui!
Como agir quando a criança faz perguntas sobre sexualidade
● Aja naturalmente e investigue melhor a dúvida. Faça perguntas à criança para compreender exatamente o que ela quer saber. Na maioria das vezes a resposta é muito mais simples do que o adulto imaginou;
● Dê respostas simples, objetivas e adequadas para a faixa etária, sem ocultar aquilo que de fato foi perguntado. Crianças acima de 5 anos esperam respostas mais elaboradas, pois já possuem maior capacidade de concentração;
● Seja honesta na resposta. Cedo ou tarde a verdade virá à tona e isso irá dizer a essa criança se ela pode ou não confiar em você;
● Não ria ou recrimine a criança por perguntar algo sobre sexualidade, mas tente prestar atenção na reação da criança;
● Não desconverse ou peça para perguntar para outra pessoa. Esse é um exercício de confiança que precisa ser exercido com afeto e acolhimento;
● Confirme se a dúvida foi esclarecida. Pergunte se tem mais alguma coisa que queira saber;
● Caso não saiba como responder, seja honesta(a) e diga que irá se preparar para mais tarde conversarem sobre o assunto. Informe-se sobre a melhor forma de responder e nunca deixe uma pergunta sem resposta. São em situações cotidianas e espontâneas que podemos construir o conceito de autoproteção, em que a criança e adolescente são expostos ao tema que lhes darão ferramentas para se protegerem de possíveis abusadores.
Precisamos falar sobre consentimento
Saber os limites do seu corpo e de suas vontades é sinônimo de proteção.
● A criança não pode ser forçada a fazer algo. E isso significa: NÃO a ameaças e chantagens;
● A criança não deve ter segredos com os cuidadores;
● A criança não pode dar consentimento sexual pois não tem ferramentas e habilidades para decidir sobre isso.
● É durante a adolescência que as conversas devem ser mais frequentes.
● É durante a adolescência que eles mais precisam saber que os pais/responsáveis estão ao lado deles.
● É também na adolescência que o conceito de consentimento sexual deve ser reforçado e a conexão com os sentimentos validada.
Lembre-se: o que o adolescente que sabe sobre sexo e sexualidade pode estar apenas baseado em fatos contados por outras pessoas ou informações distorcidas vindas pela internet. Você pode ajudá-lo a construir um repertório de informações sólidas que o mantenha seguro e feliz.
A Educação Corpóreo-Emocional protege a criança/adolescente de abusos e cria as fundações para uma vida adulta feliz e com relacionamentos interpessoais mais saudáveis.
Precisa de ajuda? Entre em contato com o MILA
PRECAUÇÕES
● Construa uma relação de diálogo aberto com a criança desde muito cedo, para que ela saiba que pode te procurar em qualquer situação de abuso ou violência, incluindo bullying. Nunca é tarde para estreitar laços e se aproximar dela. Ouça suas histórias e se interesse pelo que ela faz e suas vivências. Mostre seus interesses e compartilhe essas novas descobertas;
● Estabeleça momentos frequentes de diálogo e escuta com a criança/adolescente, proporcionando espaço de confiança e segurança.
● Ofereça educação sexual à criança desde cedo. Existem formas eficazes e lúdicas de falar sobre o assunto com crianças desde o nascimento (consulte nossas cartilhas). Fale sobre quais toques são e quais não são aceitáveis, quais são as partes privadas do corpo;
● Certifique-se de que a criança saiba que pode contar com você ou com outro adulto em quem confie como: um familiar, professora, pai ou mãe de amigos, responsável;
● Não tenha medo de perguntar algo para a criança, que pode dizer muito através de um desenho, por exemplo. Procure ajuda profissional se estiver preocupada(o);
● Certifique-se de que a criança saiba que não deve manter segredos e ofereça apoio incondicional para acolher sem julgamentos qualquer coisa que a criança lhe contar;
● Fale sobre a proteção da criança com todos os adultos envolvidos em sua educação;
● Esteja atenta(o) à criança e procure envolver-se em sua vida, assim você desenvolverá confiança, boa comunicação e principalmente estreitando a relação entre vocês;
● Não deixe uma criança muito nova, sozinha em casa. Se possível, seja voluntária na escola e em atividades para conhecer os adultos que convivem com a criança;
● Oriente a criança/adolescente a não conversar com estranhos e a sair em grupos em vez de ficar sozinha, colocando horários pré-estipulados e sabendo onde ela está;
● Conheça os cuidadores da criança/adolescente. Verifique as referências e antecedentes criminais de babás e outros cuidadores;
● Combine com a criança/adolescente um código que só vocês conhecem para que seja usado quando alguém que não seja você, for buscá-lo na escola. Uma palavra-chave para que ela saiba que realmente foi uma instrução sua e que ela pode confiar;
● Ensine a criança/adolescente sobre consentimento. Certifique-se de que ela compreende que não precisa fazer nada que pareça assustador ou desconfortável. Ensine-a à dizer “não” e a respeitar o “não” do outro também. Incentive a criança a deixar uma situação ameaçadora ou assustadora imediatamente e procurar ajuda de um adulto de confiança. Se algo desconfortável acontecer, incentive-a a falar com você ou outro adulto de confiança sobre o ocorrido;
● Não obrigue a criança a abraçar ou beijar um adulto, ofereça a possibilidade e respeite-a se ela não quiser esse contato, assegurando-a de que ela está no comando;
● Fique de olho no que a criança acessa online, muitos abusos acontecem virtualmente;
● Instrua a criança a não compartilhar dados pessoais online e leia as instruções da Safernet para se informar em como monitorar o que a criança faz na internet.
Lembre-se: estamos aqui para ajudar!
COMO AGIR DIANTE DE UM RELATO DE ABUSO
É muito difícil ouvir um relado sem sentir raiva, culpa e confusão. Ouça empática e cuidadosamente, sem julgar ou questionar a veracidade do relato. Lembre-se, ninguém está acima de qualquer suspeita e geralmente quem comete abusos são pessoas consideradas “de bem”. Abusadores se escondem atrás de pessoas importantes na comunidade, muitas vezes religiosas, trabalhadoras, altruístas e idôneas.
● Reafirme que ela foi corajosa em contar e agradeça a confiança;
● Evite reações extremas e perguntas inquisitórias, pois isso pode fazer com que a criança deixe de te contar;
● Assegure a ela que o que está acontecendo não é culpa dela;
● Diga que você irá levar a sério o assunto e buscará ajuda adequada;
● Não confronte o abusador;
● Deixe claro para a criança que você não pode manter isso em segredo e combine com a ela o que fará;
● Anote exatamente o que foi dito, com as palavras da criança, incluindo os nomes dos abusadores, porém sem focar em detalhes.
Denuncie aqui! O silêncio é crime e considerado negligência. Quem se silencia diante de um abuso é conivente e cúmplice.
POSSÍVEIS SINAIS DE QUE UMA CRIANÇA PODE ESTAR SENDO ABUSADA OU SOFRENDO ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA
● Tentativas de fuga;
● Sinais e marcas de violência física;
● Automutilação ou tentativa de suicídio;
● Fazer uso de substâncias como álcool ou drogas lícitas e ilícitas;
● Parece se isolar dos seus pais;
● Mudança comportamental: agressividade, rebeldia, raiva, hostilidade, hiperatividade, irritabilidade, depressão, apatia, ansiedade ou dificuldades em controlar suas emoções (explosão de agressividade ou mudança brusca de humor);
● Mudanças bruscas no desempenho escolar (melhora ou piora) ou ausências frequentes na escola;
● Mudanças no padrão alimentar, podendo desenvolver obesidade, bulimia ou anorexia;
● Alguns casos de alergia ou problemas de pele de difícil controle, podem ser uma consequência direta do sofrimento psíquico causado por abusos;
● Medos incomuns ou ainda perda repentina de autoconfiança;
● Dificuldade de socialização, afastamento em relação aos amigos ou às atividades habituais;
● Sonolência excessiva ou mudanças no padrão de sono, baixa autoestima;
● Relutância em ir para casa de alguém ou demonstra medo de algum adulto específico;
● Sinais de envenenamento: vômitos, sonolência, convulsão ou problemas respiratórios;
● Falta de controle das fezes e urina, mesmo já tendo passado com sucesso pelo desfralde;
● Em caso de crianças pequenas, atraso na fala ou problemas de linguagem;
● Atraso no desenvolvimento psicomotor;
● Sangramento, secreção, dor, vermelhidão, coceira ou inchaço na área genital ou anal;
● Dificuldade para caminhar ou se sentar, dores abdominais inexplicáveis;
● Doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez.
● Hiper sexualização ou comportamentos sexualizados.
● Em muitos casos, o abuso infantil é cometido por alguém próximo e em quem se confia. Uma criança que está sendo abusada pode se sentir culpada, envergonhada ou confusa. Pode ter medo de contar a alguém sobre o abuso, especialmente se o agressor for um dos pais, um parente, amigo da família ou responsável.
Muitos abusos não mostram sinais evidentes, fique atenta!
POSSÍVEIS SINAIS NO COMPORTAMENTO DO ABUSADOR
Abusadores não tem perfil definido, qualquer pessoa pode abusar de uma criança e, ainda que estatisticamente saibamos que homens são a sua maioria, mulheres também abusam. Não há idade, situação socioeconômica, raça ou religião especifica que possa caracterizar um grupo que abuse mais. Muitos abusadores são familiares, amigos ou pessoas que têm algum contato maior com a criança, como professores, líderes religiosos, profissionais de saúde, vizinhos ou cuidadores.
Todo o cuidado é pouco!
Especialistas em saúde infantil condenam o uso de violência em qualquer forma, mas algumas pessoas ainda usam castigos corporais, como palmadas e até mesmo gritos, xingamentos e humilhações, como forma de disciplinar a criança/adolescente.
Os comportamentos dos pais que causam dor, lesão física ou trauma emocional, mesmo quando praticados em nome da disciplina, podem ser considerados abuso infantil. Veja alguns deles:
● Mostra pouca preocupação com a criança;
● Parece incapaz de reconhecer sofrimentos físico ou emocional na criança;
● Culpa a criança pelos seus problemas;
● Menospreza ou repreende a criança e a descreve com termos negativos, ofensivos e constrangedores
● Espera que a criança lhe dê atenção e cuidado e parece ter ciúmes de outros membros da família;
● Usa disciplina física severa;
● Exige um nível exagerado de desempenho físico ou acadêmico;
● Limita severamente o contato da criança com outras pessoas;
● Oferece explicações conflitantes ou não convincentes, para os ferimentos da criança. Um abusador sexual pode ter um comportamento mais sutil:
● Está sempre disponível e interessado na criança;
● Tenta conquistar a criança com presentes e atenção e isso confunde a criança, pois ela acha que essa pessoa realmente gosta dela;
● Constrói uma relação de extrema confiança com a família e a comunidade, colocando sua reputação acima de qualquer suspeita.
Informe-se – Previna – Aja se houver suspeita
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